(...) A mulher encontra a prosa tiquetaqueando no
quarto da poesia, e lá dentro a desarma. A prosa fica em silêncio para gritar.
E então a mulher pega o relógio e o subverte em girassol vivo. A diferença
entre o vivo e o plástico é que o vivo teve todo o tempo do mundo. E o plástico
já nasce sem o dom da morte.
O que não é amor, ela não toca. A mulher é um chapeuzinho na
cracolândia. Cobre os olhos com ele para assumir o outro mundo, o mundo onde
vive de verdade. Um mundo dentro do nosso. A vidência do corpo que é seu.
Ouço Conceição na leitura de cada conto. Ouço a sua voz e
percebo que são feitos os contos, como ásperas luas, para serem lidos em voz
alta de Conceição. Como uma anunciação.
Tiago Novaes no posfácio)
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